Eu sou assim. Não exatamente uma pessoa normal. Já fui.
Quando era criança, queria ser como as minhas colegas da escola. Mas não deu. Não gostava das roupas, do comportamento, de nada que vinha delas.
Eu sou assim, do jeito que quero ser. Um dia acordo sensível, no outro com vontade de espancar alguém. Um dia me arrumo e me sinto linda. No outro, nem penteio os cabelos, mas ainda assim me sinto linda.
E lá vou eu, ser eu mesma, aceitando os rótulos de incoerente, louca.
Na verdade não me importo mais. Passei da idade de esquentar a cabeça com qualquer besteira desse tipo.
Falo palavrão pra caralho. Dizem que tenho a boca suja por isso. Tá. Eu bebo cerveja. Fico bêbada e falo merda. Também falo merda sem estar bêbada.
Uso tênis e calça jeans indiscriminadamente. Detesto fazer as unhas, então não faço. Só quando me dá vontade. Raspo as pernas porque depilar dói muito.
Acho homens muito românticos, muuuuito chatos. Mas de vez em quando eu gosto.
Ver um cara chorando por causa da namorada me dá vontade de rir e eu não me sinto mal por isso. Eu rio.
Tem dia que estou com preguiça de tudo. E nem ligo se preguiça é um desperdício.
Às vezes gosto de passar um domingo lindo de sol na cama. Às vezes prefiro a praia.
Tem dias que faço tudo malfeito porque estou de saco cheio.
Detesto cozinhar e minha casa é desorganizada. Até eu cansar da bagunça e arrumar tudinho.
Quando todos diziam que precisava me casar, troquei de namorado.
Depois, achavam que já era hora de ter um filho, mas comecei a jogar futebol. Deu vontade.
Isso foi pouco tempo depois que, quando pensavam que tudo estava se encaixando, já que eu tinha um bom emprego e um namorado bonito e inteligente, me mudei de cidade e de emprego, mas dessa vez mantive o namorado e fui morar com ele.
Porque emprego bom é mais fácil do que namorado bonito e inteligente. A gente se entende muito bem e isso também não se encontra em qualquer esquina.
Só não casei no papel, nem na igreja porque acho uma chatice. Mas eu sou uma senhora casada, sim. E não acho isso chato. Não uso uma aliança dourada porque não tem nada a ver comigo. Usamos, eu e ele, uma pulseira de prata. A nossa cara.
Adoro ouvir elogios apesar de nunca acreditar em nenhum. Sou mimada. Odeio o Faustão. Já fui viciada em chiclete mas parei. Gostava de filmes de terror mas agora fico com medo e fecho os olhos nas cenas fortes.
Queria ter superpoderes, um jato invisível e ganhar na Megasena.
Tem dias que eu odeio as pessoas que amo.
Mudo de opinião como quem muda de roupa: hoje eu não votaria de novo no Lula, não gosto dos Beatles. Mas meus princípios permanecem os mesmos de sempre.
Quando criança tinha medo de ir pro inferno. Mas entendi que Deus não faria isso comigo.
Acredito que vou viver feliz para sempre. E que ainda vou ter umas 3 ou 4 profissões dos meus sonhos.
Porque quem decide a hora sou eu. Porque eu sou assim e qualquer coisa diferente disso, não sou mais eu.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
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