quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Me poupe, Herbert Viana.

Cirurgia de Lipoaspiração

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém,

nem falar do que não sei, nem procurar culpados,

nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo

que toda essa busca insana pela estética ideal

é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde outra é obsessão.

O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem.

Religião, é dieta.

Fé, só na estética.

Ritual é malhação.Amor é cafona, sinceridade é careta,

Pudor é ridículo, sentimento é bobagem.Gordura é pecado mortal.

Ruga é contravenção.

Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia.

Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.

Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa.

Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.Não importa o outro, o coletivo.

Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política.Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal mas…Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural.

Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto.

Que alguém acorde.

Que o mundo mude. Que eu me acalme.

Que o amor sobreviva.

“Cuide bem do seu amor, seja ele quem for”.

Herbert Vianna (Cantor e Compositor )


Ah...me desculpem mas isso só podia ter sido escrito por um magro, que provavelmente não tem tendência a engordar e que, por ser famoso, só pega modelo.
Concordo que exista um exagero, que as pessoas estão recorrendo cada vez mais a essas coisas e cada vez com menos idade tb.
Não concordo que a sociedade consumidora só pense na imagem. Que não se importa com os sentimentos.
Será que querer ser jovem e bonito realmente significa esquecer todos os outros sentimentos, como ele cita no texto, ou isso acontece só com uma minoria? Será que isso é realmente um problema a ser discutido?

Um cara como Herbert Viana (que eu adoro, aliás), com o poder de persuasão que tem, devia escrever sobre os problemas que a grande maioria dos jovens enfrenta, como a falta de educação, de saúde, de esportes, de emprego, de comida na mesa, de políticos honestos, de árvore, de ar puro.
Devia pedir que as pessoas discutissem coisas realmente importantes, que ajudem a mudar o mundo.

E não, eu nunca fiz lipo e nem coloquei silicone, pq aos 32 anos, Deus foi generoso comigo. Se um dia precisar, entro na faca fáááácil.
E tb não quero levantar bandeira nenhuma, nem discutir um assunto que acho que não mereça ser discutido.
Me poupe, Herbert.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Só de mim

Eu sou assim. Não exatamente uma pessoa normal. Já fui.

Quando era criança, queria ser como as minhas colegas da escola. Mas não deu. Não gostava das roupas, do comportamento, de nada que vinha delas.

Eu sou assim, do jeito que quero ser. Um dia acordo sensível, no outro com vontade de espancar alguém. Um dia me arrumo e me sinto linda. No outro, nem penteio os cabelos, mas ainda assim me sinto linda.
E lá vou eu, ser eu mesma, aceitando os rótulos de incoerente, louca.

Na verdade não me importo mais. Passei da idade de esquentar a cabeça com qualquer besteira desse tipo.

Falo palavrão pra caralho. Dizem que tenho a boca suja por isso. Tá. Eu bebo cerveja. Fico bêbada e falo merda. Também falo merda sem estar bêbada.

Uso tênis e calça jeans indiscriminadamente. Detesto fazer as unhas, então não faço. Só quando me dá vontade. Raspo as pernas porque depilar dói muito.

Acho homens muito românticos, muuuuito chatos. Mas de vez em quando eu gosto.
Ver um cara chorando por causa da namorada me dá vontade de rir e eu não me sinto mal por isso. Eu rio.
Tem dia que estou com preguiça de tudo. E nem ligo se preguiça é um desperdício.

Às vezes gosto de passar um domingo lindo de sol na cama. Às vezes prefiro a praia.

Tem dias que faço tudo malfeito porque estou de saco cheio.
Detesto cozinhar e minha casa é desorganizada. Até eu cansar da bagunça e arrumar tudinho.

Quando todos diziam que precisava me casar, troquei de namorado.
Depois, achavam que já era hora de ter um filho, mas comecei a jogar futebol. Deu vontade.

Isso foi pouco tempo depois que, quando pensavam que tudo estava se encaixando, já que eu tinha um bom emprego e um namorado bonito e inteligente, me mudei de cidade e de emprego, mas dessa vez mantive o namorado e fui morar com ele.
Porque emprego bom é mais fácil do que namorado bonito e inteligente. A gente se entende muito bem e isso também não se encontra em qualquer esquina.
Só não casei no papel, nem na igreja porque acho uma chatice. Mas eu sou uma senhora casada, sim. E não acho isso chato. Não uso uma aliança dourada porque não tem nada a ver comigo. Usamos, eu e ele, uma pulseira de prata. A nossa cara.
Adoro ouvir elogios apesar de nunca acreditar em nenhum. Sou mimada. Odeio o Faustão. Já fui viciada em chiclete mas parei. Gostava de filmes de terror mas agora fico com medo e fecho os olhos nas cenas fortes.
Queria ter superpoderes, um jato invisível e ganhar na Megasena.
Tem dias que eu odeio as pessoas que amo.
Mudo de opinião como quem muda de roupa: hoje eu não votaria de novo no Lula, não gosto dos Beatles. Mas meus princípios permanecem os mesmos de sempre.

Quando criança tinha medo de ir pro inferno. Mas entendi que Deus não faria isso comigo.

Acredito que vou viver feliz para sempre. E que ainda vou ter umas 3 ou 4 profissões dos meus sonhos.

Porque quem decide a hora sou eu. Porque eu sou assim e qualquer coisa diferente disso, não sou mais eu.